Anticoncepcional x Trombose

O uso de anticoncepcional pode levar ao aparecimento de trombose? Tire suas dúvidas.

Anticoncepcional pode levar ao aparecimento de trombose

Verdade ou mito que a pílula anticoncepcional pode causar trombose?

O anticoncepcional oral realmente pode causar a trombose venosa profunda. A possibilidade disso acontecer é de 7 a 10 para cada 10 mil mulheres. Parece um risco pequeno, mas de fato, ele existe.

Em que situações o risco se torna maior, considerando que a paciente faça uso da pílula?

Pacientes que fazem uso do anticoncepcional e tem histórico familiar da doença, devem dar mais atenção ao fato, pois o fator genético pode elevar o risco da trombose de 25 a 100 vezes e, por isso, essa questão deve ser pesquisada individualmente, para poder dizer se essa pessoa tem o risco aumentado ou não. Tabagismo, obesidade, sedentarismo e mulheres acima de 35 anos de idade, são outros fatores que podem aumentar a incidência de trombose venosa profunda. Esse risco também deve ser considerado quando a pessoa fica imobilizada, tanto em repouso após um procedimento cirúrgico, como em uma viagem longa em que permanece muito tempo na mesma posição, ou ainda na imobilização de algum membro, utilizando gesso ou bota de imobilização.

Se a pessoa não pode tomar a pílula, o que é recomendado para diminuir esse risco?

Normalmente é solicitada uma consulta ginecológica para avaliar a possibilidade do uso de um dispositivo intrauterino – o DIU, para que de fato possa interromper o uso do anticoncepcional oral, mas sem descuidar da anticoncepção. Em alguns casos, o uso do DIU hormonal pode ser uma boa solução, pois há liberação hormonal dentro do útero, o que pode minimizar os riscos da doença.

É possível saber quando uma trombose venosa profunda é causada pelo uso da pílula anticoncepcional?

Isso só é possível avaliando o histórico médico da paciente, se ela não tem nenhum outro fator de risco adicional, excluindo o fator de risco genético, e somente se faz presente o uso do anticoncepcional. Neste caso, ele provavelmente será o culpado.

Qual é o tratamento realizado em caso de trombose venosa profunda?

Quando a paciente chega ao hospital com o quadro instalado de trombose venosa, dependendo do tipo, é possível fazer um tratamento endovascular, utilizando recursos minimamente invasivos, como o cateterismo, injetando uma substância que possa remover esse trombo de forma química ou física. Este seria um tratamento na fase aguda, ou seja, dentro dos primeiros 7 a 14 dias. Vale lembrar que a cada dia que passa, esse tratamento fica menos eficaz. Por isso, com o diagnóstico precoce é possível resgatar esse vaso, ou seja, desobstruir essa veia a tempo, em alguns casos. Além disso, também é utilizado medicação anticoagulante, que tem a função de “afinar” o sangue para que a doença não evolua, diminuindo o risco de uma nova trombose. Esta anticoagulação pode variar dentro de um período de 45 dias para trombose venosa superficial, ou de 3 a 6 meses para uma trombose venosa profunda. Em alguns casos, este tratamento deve ser prolongado por mais 18 meses, ou ainda, de acordo com os fatores de risco de cada paciente, pela vida toda, para evitar a recorrência da doença.

Resumindo, eu não devo usar o anticoncepcional, para evitar uma trombose venosa profunda?

Oriento a suspensão do anticoncepcional somente com o consentimento do Ginecologista. Se não for possível substituir a pílula anticoncepcional por outro método contraceptivo, oriento reduzir todos os fatores de risco possíveis para que não ocorra uma trombose. Reforço a atenção para a somatória dos fatores de risco, ou seja, se a paciente é usuária de anticoncepcional oral e possui as outras circunstâncias já citadas, deve ficar alerta. Sem os demais fatores, com o uso da pílula apenas, a chance é pequena. No entanto, se ela faz uso de anticoncepcional oral e vai fazer uma viagem prolongada ou fica imobilizada por uma lesão ou por uma cirurgia por exemplo, talvez seja o momento de parar o anticoncepcional durante o período de recuperação, para poder diminuir o risco do desenvolvimento da trombose venosa.


Texto por: Dr. Alexandre Shiomi
revistamaisfeliz.com.br Ano 02 | Ed. 03


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